Naquele dia gélido de Dezembro, Jeremy Marsh ia apenas
desvendar mais um caso paranormal fraudulento, numa pequena vila perdida na
Carolina do Norte. Luzes misteriosas tinham sido avistadas num cemitério antigo
que, segundo crença local, se encontrava assombrado. Habituado como estava a
denunciar ocorrências semelhantes, Jeremy ia antecipando, enquanto conduzia
velozmente pelas vastas planícies do Sul, as possíveis causas lógicas para o
fenómeno, aparentemente inexplicável, das luzes. Mas Boone Creek reservava-lhe
um desafio muito maior do que qualquer manifestação do além. O jovem jornalista
de Manhattan ia ao encontro do seu destino. Mas disso ele não podia sequer
suspeitar. Localizado num pequeno vale, rodeado de carvalhos, o cemitério de
Cedar Creek era talvez o local mais improvável para encontrar uma beleza
sulista, mas foi justamente aí que Jeremy viu surgir por entre o silêncio e a
neblina, por entre a folhagem da grande magnólia e os túmulos que começavam a
desmoronar-se, a figura esplêndida de uma mulher com os olhos mais
extraordinários que alguma vez vira. Passou como uma miragem, tão irreal e
enigmática quanto o próprio cenário. Mas o exotismo daquele olhar violeta
voltaria a cruzar o caminho de Jeremy, para dissipar, definitivamente, todo o
cepticismo do seu coração